Pé torto congênito
O Pé Torto Congênito (PTC) é uma malformação presente desde o nascimento que altera o formato, a posição e a mobilidade dos pés do bebê. Os pés nascem virados para dentro e para baixo, com rigidez nas articulações, o que impede o movimento livre esperado. O PTC afeta cerca de 1 a cada 1.000 recém-nascidos, sendo mais frequente em meninos e, em até metade dos casos, acometendo ambos os pés. Embora a causa exata ainda não seja totalmente conhecida, acredita-se que fatores genéticos e ambientais possam estar envolvidos.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico, realizado pelo pediatra ou ortopedista pediátrico logo após o nascimento. Durante a gestação, o ultrassom morfológico pode sugerir a deformidade, mas a confirmação definitiva só ocorre com o exame físico do recém-nascido. É importante diferenciar o PTC do pé torto posicional, que é flexível e se corrige sozinho, sem necessidade de gessos ou cirurgia.
 
															Características estruturais do Pé Torto Congênito
- Cavo: arco plantar acentuado, que deixa o pé “encurvado”;
- Aduto: antepé desviado para dentro, dificultando o apoio adequado;
- Varo: calcanhar virado para dentro, alterando o eixo do pé;
- Equino: pé apontado para baixo, impedindo o calcanhar de tocar o chão.
Além disso, o pé costuma ser rígido, não se movimentando com facilidade, diferenciando-se do pé torto posicional.
Tratamento
O método de Ponseti é o padrão ouro para o tratamento do PTC, evitando cirurgias extensas e garantindo resultados funcionais e estéticos excelentes.
- Fase do gesso (corretiva)
- Inicia idealmente nos primeiros meses de vida, quando os tecidos ainda são maleáveis;
- Manipulações suaves reposicionam gradualmente o pé;
- Aplicação de gesso inguino-podálico, trocado semanalmente por 4 a 6 semanas, até que a deformidade principal seja corrigida.
- Tenotomia do tendão de Aquiles
- Pequena cirurgia realizada quando o pé já está alinhado, mas ainda não aponta completamente para cima;
- Permite que o calcanhar encoste corretamente no chão;
- Realizada com anestesia local e sedação, seguida de um gesso final por 3 semanas.
- Uso da órtese de abdução (“botinha”)
- Mantém o pé na posição correta e evita recidivas;
- Primeiros 3 meses: uso de 23 horas/dia;
- Após, uso restrito ao sono até aproximadamente 4 anos de idade.
- A adesão correta da família é essencial para o sucesso do tratamento.
Mesmo após a correção, consultas periódicas com o ortopedista são fundamentais para:
- Avaliar o crescimento do pé e a adaptação à órtese;
- Ajustar dispositivos se necessário;
- Garantir que o desenvolvimento motor ocorra de forma adequada;
- Prevenir recidivas e identificar alterações precoces.
Quando tratado corretamente, o PTC não atrasa o desenvolvimento motor. A criança engatinha, caminha, corre e pratica esportes dentro dos marcos esperados. Em casos unilaterais, pode haver leve diferença de tamanho entre os pés ou panturrilha, sem impactar a função ou qualidade de vida.
Receber o diagnóstico de Pé Torto Congênito pode ser assustador, mas há tratamento seguro e eficaz. Com acompanhamento especializado e adesão às etapas do método de Ponseti, seu bebê terá pés funcionais, flexíveis e capacidade para uma vida ativa e saudável. Cada criança é única, e um olhar individualizado faz toda a diferença.
