Fraturas em crianças são quebras ou lesões nos ossos que ocorrem durante o crescimento, podendo ser causadas por acidentes de maior energia (quedas de bicicleta, atropelamentos) ou traumas leves (quedas de altura pequena ou impacto ao se defender de objetos). Devido à elasticidade dos ossos infantis, à presença do periósteo resistente e das cartilagens de crescimento (fises), muitas fraturas apresentam padrões diferentes das observadas em adultos, como fraturas em “galho verde”, subperiostais ou deformidade plástica. A criança tem uma maior capacidade de remodelação óssea, permitindo que o osso retorne ao formato original após a fratura.

Diagnóstico

O diagnóstico é realizado por meio de exame físico detalhado, histórico do trauma e exames de imagem, geralmente radiografias. É fundamental que o exame seja interpretado por um especialista, pois os ossos em crescimento nem sempre aparecem claramente nos raios-x.

Sinais que indicam uma fratura:

  • Dor imediata no local do trauma, que piora com movimentos ou pressão.

  • Impotência funcional (evita movimentar o membro ou apoiar peso).

  • Deformidade aparente ou movimentação anormal do osso.

  • Inchaço, hematomas ou barulhos incomuns na região.

As fraturas em crianças podem ser classificadas em:

  • Fechadas: sem lesão na pele.

  • Abertas/expostas: o osso comunica-se com o exterior por ferida na pele.

  • Patológicas: ocorrendo em ossos enfraquecidos por doenças.

  • Por estresse: devido a esforços repetitivos.

  • Desviadas ou articulares: com deslocamento ou comprometimento da articulação.

  • Subperiostais ou em galho verde: fraturas típicas de ossos elásticos, onde o osso não se rompe totalmente.

  • Descolamento epifisário: atinge a placa de crescimento.

A indicação de tratamento depende do tipo de fratura, localização, idade da criança, envolvimento das cartilagens de crescimento e risco de sequelas.

Orientações práticas para a família:

  • Imobilização: A maioria das fraturas é tratada de forma conservadora com gesso, tala ou aparelhos ortopédicos, garantindo alinhamento adequado.

  • Redução: Fraturas com desvio podem necessitar de reposicionamento (redução), sob anestesia ou de forma rápida pelo ortopedista, sem anestesia em alguns casos.

  • Cirurgia: Indicada em fraturas expostas, articulares, com envolvimento da placa de crescimento ou comprometimento vascular. Pode usar pinos, hastes ou placas, em alguns casos sem cortes, atravessando a pele.

  • Cuidados com o gesso: Evitar molhar, observar sinais de alerta como dor intensa, inchaço, palidez, extremidades frias ou formigamento. Procurar médico imediatamente se houver algum desses sinais.

  • Controle e acompanhamento: Consultas periódicas e radiografias de controle para verificar alinhamento e evolução da consolidação óssea.

  • Tempo de consolidação: Varia de semanas a meses, dependendo da idade, localização, tipo de fratura e cuidados adotados.

  • Fisioterapia e reabilitação: Pode ser necessária após a retirada do gesso, especialmente em crianças maiores ou adolescentes, para recuperar força, amplitude de movimento e função do membro. Retorno progressivo a esportes e atividades físicas deve ser orientado pelo ortopedista.

  • Prevenção e cuidados contínuos: Monitorar postura, limitar sobrecarga durante o crescimento, uso de calçados adequados e evitar atividades de alto risco até liberação médica.

O acompanhamento pelo ortopedista pediátrico é essencial para garantir que a consolidação ocorra corretamente, que o crescimento do osso não seja afetado, e que o movimento e função do membro sejam preservados, prevenindo deformidades e sequelas futuras.