Dra. Daniela Maury

Como identificar problemas posturais em crianças e adolescentes

04/10/2025

É comum que pais e responsáveis percebam sinais de desconforto ou dor nas crianças apenas no fim do dia, depois de longos períodos sentados, jogando ou usando o celular. Muitos jovens passam horas com o pescoço inclinado, os ombros curvados ou os dedos em constante movimento, sem perceber o impacto dessa postura. Se você já se preocupou com isso, saiba que não está sozinho: problemas posturais na infância e adolescência são cada vez mais frequentes e podem ser prevenidos e tratados quando identificados precocemente.

O que são?

Problemas posturais são desvios ou alterações na posição natural da coluna, que podem afetar pescoço, ombros, tórax e região lombar. Um exemplo comum é a chamada síndrome do pescoço de texto ou text neck, caracterizada por dor cervical, dor nos ombros e até dor de cabeça devido ao tempo prolongado com a cabeça inclinada sobre dispositivos eletrônicos. Outros desvios incluem hipercifose torácica (“corcunda”), escoliose (curvatura lateral da coluna) e hiperlordose lombar (curvatura excessiva da região inferior das costas).

É importante observar sinais e sintomas que possam indicar alterações posturais, tais como:

  • Ombros curvados para frente ou assimétricos;
  • Cabeça projetada à frente da linha do pescoço;
  • Barriga saliente ou postura desalinhada;
  • Joelhos levemente flexionados ao caminhar ou ficar em pé;
  • Dores frequentes nas costas, ombros ou pescoço;
  • Cansaço muscular ou dificuldade em movimentos simples;
  • Dores de cabeça recorrentes.

O diagnóstico deve ser realizado por um médico especialista em ortopedia ou um fisioterapeuta, que avaliará a postura, o desenvolvimento muscular e ósseo, além de identificar possíveis desvios ou desequilíbrios.

A avaliação postural envolve análise física detalhada e, se necessário, exames de imagem. O tratamento varia conforme a alteração identificada e pode incluir:

  • Orientações posturais: ajustes simples no dia a dia, como manter a tela do celular na altura dos olhos ou sentar-se corretamente em cadeiras escolares;
  • Fisioterapia: exercícios de alongamento, fortalecimento e reeducação postural;
  • Atividades físicas regulares: esportes e brincadeiras que fortalecem a musculatura e melhoram a postura;
  • Uso de órteses ou coletes: em casos específicos de escoliose ou hipercifose;
  • Correção ergonômica: atenção ao peso da mochila, tipo de calçado e altura de mesas e cadeiras.

A combinação dessas estratégias ajuda a prevenir dores, reduzir deformidades e melhorar a funcionalidade.

O que os pais podem fazer

  • Observe como seu filho se movimenta e sente-se em casa ou na escola;
  • Incentive pausas frequentes durante o uso de eletrônicos;
  • Estimule atividades físicas e alongamentos adequados para a idade;
  • Ajuste altura de cadeiras, mesas e dispositivos eletrônicos;
  • Limite o peso da mochila escolar a, no máximo, 10% do peso corporal e use sempre as duas alças;
  • Procure avaliação profissional assim que notar sinais de desalinhamento ou dor persistente.

A infância e a adolescência são fases fundamentais para o desenvolvimento da coluna e da musculatura. Observar e corrigir hábitos posturais desde cedo pode prevenir problemas mais graves no futuro e contribuir para o bem-estar geral. Cada criança é única, e o acompanhamento especializado garante que intervenções corretas sejam feitas no momento certo. Com atenção, cuidado e orientação adequada, é possível transformar a postura em saúde e qualidade de vida.