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Andar com os pés para dentro


O que é? 

Existe um grande número de variações fisiológicas, normais do desenvolvimento, que fazem com que as crianças andem com “os pés para dentro”. Não se trata de uma patologia ou alteração, e sim de um conjunto de fatores como a versão dos ossos, frouxidão, retesamento capsular e controle muscular. 
A criança nasce então com uma anteversão do fêmur e torção interna da tíbia acentuadas, o que faz andar com os pés para dentro, sendo características normais durante a infância e que vão reduzindo com o crescimento, de maneira fisiológica e/ou natural. Durante a infância ocorre também uma grande variação na angulação dos ossos, que normaliza por volta dos 6 anos.

Sintomas.

Habitualmente, os pais consulta referindo que a criança tem o “pé torto” ou que “anda com os pés para dentro”, mas na maioria dos casos não se trata de nenhuma alteração nos pés, por isto a importância de consultar ao ortopedista e esclarecer qualquer dúvida. 
A criança com este quadro acostuma ter ao exame físico uma diminuição no ângulo de progressão dos pés, e um aumento da rotação interna do fêmur quando avaliada em decúbito ventral (de barriga para baixo), sendo esta a principal causa para este padrão de marcha. 
É importante ressaltar que orientar os pais sobre a benignidade do quadro e explicar as mudanças fisiológicas que o filho sofrerá durante a infância, é fundamental para um crescimento e desenvolvimento feliz.
 

 

Causas.

As principais causas para este padrão de marcha são então: uma anteversão aumentada do colo femoral (quadril), uma torção interna aumentada da tíbia, uma deformidade dos pés conhecida como pé metatarso aduto. Descreveremos cada uma de forma breve a seguir.

 

 

Anteversão do colo femoral.

  • Alteração mais comum. 
  • Membro inferior inteiro rodado internamente. 
  • Choque entre joelhos. 
  • Rotação interna muito maior que a rotação externa.
     

 

Torção interna da tíbia.

  • Pré – escolares. Mais precoce que anteversão femoral aumentada. 
  • Marcha com os pés para dentro, porém joelhos alinhados. 
  • Ângulo coxa pé acentuado. 
     

 

Metatarso Varo.

  • Ao nascimento ou fases iniciais do desenvolvimento. 
  • Deformidade congénita, detectada precocemente. 
  • Posição intrauterina é uma das causas. 

 

Diagnóstico.

O diagnóstico destas alterações acostuma ser clínico, através de uma boa consulta, onde uma anamnese bem-feita permita ao médico ortopedista descartar causas ou doenças de base, exame físico completo, com todos os testes e manobras necessárias, e radiografias quando considerado necessário.

As radiografias simples não permitem avaliar deformidades rotacionais, por isto quando considerado necessário podem ser solicitados exames mais especializados como uma radiografia panorâmica dos membros inferiores e/ou um EOS, assim como um laboratório da análise da marcha, de acordo com cada caso. Não sendo necessários, na maioria dos pacientes, exames radiográficos para acompanhamento clínico. 

O mais importante é poder realizar um diagnóstico diferencial, e assim diferenciar o que é normal, e o que é patológico, tranquilizando sempre os país. 

 

Tratamento.

O tratamento destes pacientes acostuma ser expectante, através do acompanhamento clínico com o ortopedista pediátrico. 

A anteversão aumentada do fêmur acostuma ter uma resolução espontânea por volta dos 8 anos de idade, e não existe indicação nenhuma de tratamento conservador com órteses ou aparelhos ortopédicos. O tratamento cirúrgico consiste em uma osteotomia derrotadora do fêmur, cuja indicação deve ser bem criteriosa, rara, e reserva-se para deformidades acentuadas e pacientes sintomáticos. 

A torção interna da tíbia também acostuma ter uma resolução espontânea de acordo com a mudança postural, principalmente ao dormir. Em deformidades acentuadas, onde o ângulo coxa pé não diminui até os 10 anos, podemos indicar, de forma criteriosa, a osteotomia derrotatória metafisária distal da tíbia. Rara indicação em pacientes sem doenças de base. 

O metatarso aduto, quando flexível tem um bom prognóstico, e na maioria dos casos corrige sozinho. Quando detectadas deformidades mais acentuadas, e em idades precoces, podemos realizar gessos seriados, com manipulações e trocas semanais, corrigindo assim a deformidade do antepé. Após a fase dos gessos, a criança fará uso de uma órtese noturna durante algum tempo, permitindo assim a manutenção da correção.